A Cubico Sustainable Investments fez incursões precoces no mercado de energia renovável da Colômbia devido à sua forte experiência no setor, conhecimento da dinâmica do mercado em outros países da América Latina, parceria com um importante player local e capacidade de expandir seu modelo de negócios para novas áreas. Neste artigo explicamos como.

Os países altamente dependentes da geração a partir de usinas hidrelétricas estão sujeitos à volatilidade do ciclo da água. No Brasil, por exemplo, onde dois terços da eletricidade são produzidos por usinas hidrelétricas, as secas têm sido uma parte regular da vida nos últimos 20 anos. Isso levou o país a diversificar seu mix de energia para incluir mais energia solar e eólica.

Quando a Cubico Sustainable Investments abriu seu escritório em São Paulo no início de 2015, o foco estava nos mercados emergentes de energia renovável do Brasil e Uruguai, onde a empresa já possuía parques eólicos operacionais. Dada a sua equipe experiente e forte apetite por crescimento, a Cubico estava determinada a expandir também para outros países da América Latina, e seu conhecimento da dinâmica de mercado do Brasil a levou a olhar de perto para a Colômbia.

Francisco Moya Reina, chefe do Brasil e do resto da América Latina em Cubico, diz que a Colômbia também experimentou secas severas em 2015 e 2016. Isso se deveu principalmente ao fenômeno climático conhecido como “El Niño”, que levou a menos chuvas e prejudicou a economia do país. sistema elétrico baseado em energia hidrelétrica. As energias renováveis ​​eram pouco discutidas na Colômbia antes de 2016, mas Francisco diz que o conhecimento de efeitos semelhantes na matriz de geração em outros países da região ajudou Cubico a identificar uma oportunidade no mercado.

“No início de 2015 e 2016, quando ninguém falava sobre energia renovável na Colômbia, comecei a sondar o mercado. Estava ali marcando reuniões para conhecer as principais empresas e desenvolvedores e esperando que algo acontecesse no espaço das renováveis ​​em um futuro próximo”, conta Francisco. Essas mudanças já estão em andamento.

Este é apenas um exemplo de como conhecer as condições locais pode desempenhar um papel crucial para as empresas de energia renovável que desejam ter sucesso em seus planos de expansão global. Neste artigo, Francisco explica como o Cubico deu seus primeiros passos na Colômbia; por que está trabalhando com o jogador local Celsia; e como está construindo linhas de transmissão.

Começo de Bogotá

Francisco trabalhou para o Banco Santander e fez parte da equipe que desmembrou o Cubico em 2015. Naquele ano, ele se mudou da capital espanhola Madri para a cidade brasileira de São Paulo para estabelecer a presença do Cubico na região da América Latina.

Através de suas reuniões na Colômbia, um de seus objetivos era persuadir os principais players do mercado de que a energia eólica e solar poderiam ajudar a resolver os problemas solares do país. Essa abordagem trouxe outros grandes benefícios para a Cubico entrar em um novo mercado.

Primeiro, mostrou que a Cubico era um ator ativo em energias renováveis ​​na Colômbia antes de qualquer um de seus rivais; segundo, ajudou a apresentar a empresa a potenciais parceiros de joint venture; e terceiro, deu à equipe mais conhecimento sobre os desafios e oportunidades do mercado.

Isso ajudou a lançar as bases para a primeira joint venture da empresa na Colômbia. Em 2019, a Cubico abriu um escritório dedicado em Bogotá e assinou sua primeira parceria no país com a concessionária local Celsia para co-desenvolver um portfólio de 600 MW de parques solares.

Esta joint venture é benéfica para ambas as partes, pois combina a experiência da Celsia em Colômbia e transmissão com o conhecimento de Cubico em energia renovável e padrões internacionais para finanças e governança. Isso ajudou os parceiros a enfrentar desafios como a falta de contratos de compra de energia (PPAs) que satisfizessem os investidores.

Francisco explica: “O máximo que os off-takers ofereceriam é de cinco a sete anos, quando os investidores de longo prazo normalmente precisam de mais de 15 anos. Conseguimos entrar e estruturar PPAs de longo prazo.”

Os parceiros também trabalharam juntos para enfrentar outros desafios, como a falta de experiência em energias renováveis ​​entre as principais partes interessadas, incluindo reguladores. Isso vem melhorando, pois o país já realizou dois leilões de energia renovável. A pandemia de Covid-19 também causou transtornos, como em outras partes do mundo.

Modernizando a grade

Um dos principais obstáculos para o crescimento das energias renováveis ​​na Colômbia é uma rede elétrica centralizada que é adequada para grandes usinas hidrelétricas, mas não para um sistema baseado em múltiplos projetos solares e eólicos. A Cubico conseguiu resolver isso por meio de sua plataforma operacional de linha de transmissão Caoba, uma segunda joint venture formada com a Celsia no final de 2020.

Francisco diz que são necessários investimentos na rede para fomentar e acelerar o desenvolvimento de projetos de energias renováveis ​​no país. Como resultado, faz sentido que a Cubico seja flexível em sua abordagem e comece a desenvolver linhas de transmissão.

Francisco está confiante de que a transição verde na Colômbia é atualmente “imparável”, porque o país precisará diversificar seu mix de eletricidade longe da hidrelétrica, não importa quem esteja no poder. Ele diz que são necessários 5 GW a 8 GW de energia renovável nos próximos oito a dez anos.

Esses insights locais continuarão sendo vitais.